Crenças limitantes: exemplos que não podem ser seguidos

Uma das minhas maiores frustrações é meu medo de dirigir, tenho habilitação há mais de 10 anos e desde então consigo contar as vezes que consegui assumir o volante. Curiosamente, sempre que penso na possibilidade de encarar a direção surgem em minha mente inúmeras crenças limitantes. 

Essas crenças disfuncionais se transformam em verdadeiras vozes dentro da minha cabeça que reverberam o tempo todo frases como “farei uma besteira”, “tenho medo”, “não consigo fazer isso” e “fico nervosa”.

E claro, com esse “elenco interior” dizendo que não serei capaz de executar essa tarefa é bem pouco provável que eu tenha coragem de enfrentar a situação. 

É óbvio que ninguém gosta dessa enxurrada de pensamentos negativos, mas a questão central aponta para crenças tão enraizadas que muitas vezes nos parecem naturais. 

Penso em quantas coisas deixamos de lado por acreditarmos nas crenças limitantes que de certa forma vamos adquirindo involuntariamente ao longo da vida. 

Minha experiência pessoal me fez compreender como essas certezas disfuncionais me roubavam pequenos prazeres, percebi quantas coisas deixei de colocar em prática por enxergar minhas habilidades e qualidades de maneira distorcida, e acredite em mim, isso destrói a autoestima de qualquer pessoa. 

Será que somos frutos de nossas experiências? E quando essas experiências não são das mais agradáveis? É possível ressignificá-las? 

Minha crença limitante em relação ao carro surgiu após uma falha: não consegui controlar os pedais e fiz meu carro morrer em uma rua movimentada, bastou um erro para eu ter a tóxica certeza de que não era boa naquilo. 

Ao escrever sobre esse tema pensei em como gostaria de alterar de maneira positiva minha relação com o volante, peço licença para a metáfora, mas seria bom retomar a direção e colocar um freio nas minhas crenças limitantes. 

Agora, que tal nos aprofundarmos no assunto? Para isso, lançaremos uma lente de aumento em nosso cotidiano. 

Crenças Limitantes

E o termo da vez é…crenças limitantes 

Parece mais um modismo da internet, o termo passou a ser difundido no meio cibernético há alguns anos e de repente nos percebemos cercados por inúmeras definições, e para lançar luz ao tema usaremos os bons e velhos exemplos, mas antes, analisemos essas duas palavras que têm aparecido com frequência no seu e no meu feed de notícias. 

Crença de acordo com o dicionário é “ a ação de crer na verdade ou na possibilidade de uma coisa, convicção íntima; opinião que se adota com fé e convicção; certeza.” Já o adjetivo limitante é definido pelo Aurélio como “aquele/aquilo que é capaz de limitar, de impor restrições”

Em outras palavras, as crenças limitantes são certezas que nos bloqueiam de diversas maneiras. Vamos acumulando ao longo da vida momentos que mais cedo ou mais tarde estarão lá, refletidos em nossa maneira de enxergar o mundo e a nós mesmos. 

Durante nossa trajetória somos expostos às mais variadas pessoas e situações que nos marcam de inúmeras formas, todos nós temos em nossa memória alguns acontecimentos que nos marcaram de tal forma que mesmo após anos somos capazes de lembrar com uma precisão cirúrgica do ocorrido. 

O problema é que nem sempre esses acontecimentos causam um bom efeito em nós, seria fantástico se pudéssemos selecionar apenas os mais agradáveis momentos e comentários para deixar registrado em nossa mente, mas infelizmente nem tudo são flores e por diversas vezes o que fica em nós é justamente o aspecto negativo da pessoa ou situação. 

E como dito no início do texto, mantemos dentro de nós o aspecto negativo não por vontade própria, ninguém em sã consciência iria impor a si mesmo bloqueios e limitações. 

Sabemos que nosso dia a dia é um terreno bem fértil para as crenças disfuncionais, por isso é preciso reconhecê-las para poder ressignificá-las. 

Identificando as crenças disfuncionais

Para ajudar na identificação desses padrões disfuncionais listamos abaixo as principais crenças limitantes:

  • Medo: Giovana tem 24 anos e cursa o 3º semestre da faculdade de engenharia elétrica, sempre que precisa apresentar algum seminário argumenta que não gosta de exposição, no fundo o que Giovana sente é medo de ser julgada pelos colegas e professores.
  • Lógica equivocada: Sabe quando uma coisa não acontece do jeito que queremos e passamos a acreditar cegamente que por mais que tentemos acabaremos caindo sempre no mesmo erro? Esse é o funcionamento da lógica equivocada, ela acontece quando generalizamos uma situação por conta de uma experiência negativa específica.
  • Desculpas: Quem nunca proferiu ou ouviu a seguinte frase que atire a primeira pedra: “não me exercito por falta de tempo”, o que ocorre é que a pessoa em questão simplesmente não gosta de se exercitar, a falta de tempo funciona apenas como desculpa para si mesmo.
  • Hereditárias: Essas crenças são adquiridas na infância, crianças que crescem ouvindo que são “burras”, que não sabem “fazer direito as coisas”, que só “dão trabalho” levarão essas afirmações para a vida adulta.
  • Sociais: Nossos aprendizados sociais nos constituem como sujeitos, sejam eles bons ou ruins, quando nosso círculo social nos leva a crer que não somos bons o bastante, temos a tendência em acreditar nisso. 

As crenças limitantes abordadas acima são geradas por diversos fatores e variadas maneiras, é uma afirmação dos pais, um comentário de um professor, a desaprovação de um grupo ou um apontamento maldoso de um colega que gera em nós a certeza de que realmente somos as coisas ruins que dizem que somos, contudo: 

Devemos nos preocupar mais com nossa consciência do que com nossa reputação, pois nossa consciência é o que somos e nossa reputação é o que os outros pensam de nós, e o que os outros pensam…é problema deles.

É possível superar! 

“Não consigo, não posso, jamais serei capaz, os outros são melhores”. Nossas crenças limitantes nos mantém em um ciclo vicioso e nos fazem ter uma leitura distorcida de quem de fato somos. Com nossas percepções alteradas fica difícil nos tornarmos pessoas felizes e satisfeitas. Reconhecer cada pensamento automático e negativo faz parte do processo de uma leitura realista do nosso eu. 

Como vimos as raízes são diversas, mas o autoconhecimento aliado a ajuda profissional é o modo mais eficaz para transformar nosso “olhar para dentro”.Não desperdice sua melhor versão, conheça nossas terapias e deixe te dar ouvidos a terceiros, afinal: “não somos o que fizeram de nós, somos aquilo que fazemos com o que fizeram de nós.”