Disponibilidade afetiva e a importância do olhar para o outro

Hoje iremos nos voltar às complicadas teias de relações que nos cercam, e quando o assunto é relacionamento não há como escapar: precisamos incluir o outro em cena, minha proposta, todavia, é ir além, incluiremos em nossa conversa o outro e a disponibilidade afetiva que dedicamos ou não a ele. 

Ouvir o termo disponibilidade nos dias atuais nos parece tão estranho, isso porque muitas vezes estamos em falta com a tal disponibilidade. Não estamos disponíveis para muita coisa, somos atropelados por diversos afazeres e temos um tempo muito curto para tudo. 

Temos o hábito de deixar para uma melhor ocasião, ou para aquele momento ideal em que teremos mais tempo, o problema é que esse momento nunca chega. 

É cruel pensar que não deixamos para amanhã apenas aquele projeto engavetado, deixamos para o dia seguinte o cuidado com aqueles que amamos. 

É um “amanhã a gente conversa” ou um “depois eu vejo isso” que sem nos darmos conta soterram dia após dia a disponibilidade afetiva que deveríamos ter para com o outro. 

Em um mundo onde tudo é descartável e pessoas são postas em cardápios para nosso bel prazer pensar em responsabilidade afetiva pode parecer a muitos uma nova versão piegas da empatia. 

Embora o cenário seja preocupante tenho certeza de que se chegou até aqui na leitura você foge à regra e não compactua com essa esclerose da sensibilidade que nos está sendo imposta “goela abaixo”. 

Saiba que assim como você ainda existem pessoas que se preocupam com o outro lado da moeda e que ainda cultivam o hábito da empatia. Agora proponho que continuemos juntas para aguçar nosso olhar para e pelo outro.

A importância da disponibilidade afetiva: “Você pode não concordar comigo, mas não pode invalidar meus sentimentos”

Todos nós já ouvimos ao menos uma vez na vida a famosa frase: “você está exagerando”, esse tipo de afirmação serve apenas para invalidar os sentimentos da outra pessoa, muitas vezes não compreendemos a dor do próximo, contudo isso jamais justificará a desconsideração pelos sentimentos de alguém. 

Há algum tempo o Museu da empatia, localizado em São Paulo, organizou o projeto “Caminhando em seus sapatos”, a proposta da exposição era um verdadeiro exercício de empatia, enquanto escolhia um par de sapatos disponível o visitante ouvia em fones de ouvido a história do dono daquele calçado. 

Era preciso, portanto, caminhar com os sapatos do outro enquanto ouvia sua história para sentir as dificuldades do próximo.

Por mais significativa que seja a proposta da instalação artística do Museu em questão é preciso considerar que estar disponível emocionalmente e ser empático vai muito além de ouvir, a disponibilidade afetiva pressupõe ação, é o estar presente não apenas fisicamente, mas de corpo e alma para a outra pessoa.  

Até certo ponto somos responsáveis pelo outro, quando causamos alegrias ou feridas, precisamos de maturidade para encarar as consequências do que fizemos às pessoas que amamos, e não adianta fugir, todo enfrentamento também pressupõe diálogo.

Então não economize na conversa, fale, mas principalmente: ouça e acolha.

Como saber se tenho responsabilidade afetiva? 

Entenda bem, você não é responsável pelo o que o outro faz, sua responsabilidade consiste nas coisas que você pratica ou deixa de praticar em seus relacionamentos. 

Uma pessoa responsável afetivamente se importa com o bem estar daqueles que estão próximos, a responsabilidade afetiva envolve cuidado e afeto, uma pessoa voltada apenas para si é incapaz de apresentar responsabilidade afetiva por quem quer que seja. 

Você pode ouvir queixas de familiares, amigos, amores, mas só você será capaz de avaliar até que ponto realmente se importa com os outros. 

Não tenha medo de rever atitudes e mudar comportamentos, se acredita que está sendo irresponsável com os sentimentos alheios não hesite, reveja sua postura: reconheça quem de fato você é e quem gostaria de ser. 

Há limites para a disponibilidade afetiva?

A disponibilidade afetiva ou responsabilidade afetiva envolve a maneira como você se posiciona em uma relação, o quanto você se doa e se preocupa com quem está se relacionando faz parte da base da responsabilidade. 

É importante frisar, porém, que estar disponível não implica na anulação de si mesma. Muitas pessoas, na grande maioria das vezes, mulheres, costumam esquecer de si próprias em prol de um relacionamento. 

Essas mulheres costumam acreditar que são responsáveis por seus familiares, amigos, namorados ou maridos e como “responsáveis supremas” acham que precisam se doar em tempo integral. 

Essas “responsáveis supremas” também já quiseram salvar alguém! Muito cuidado com aquele pensamento de “eu posso mudá-lo (a)”, isso é uma mentira do seu ego, não caia nessa!

A mudança genuína acontece quando se está disposto a mudar, por mais que sua intenção seja a melhor possível não entre nesse jogo que só te causará transtornos.  

Não se esqueça que é possível estar presente na vida de alguém sem precisar se diminuir para estar ali, não é deixando suas necessidades de lado que você conseguirá ser empática com o outro, ao contrário, é preciso reconhecer primeiro suas fragilidades para só então ser capaz de compreender os sentimentos alheios. 

E quando o outro não olha para minhas necessidades?

Pois é, nem todos estão em busca ou possuem a tão sonhada disponibilidade afetiva, mas então, o que fazer?

Encontraremos pessoas ao longo do caminho que simplesmente são incapazes de reconhecer como as pessoas e sentimentos são diversos, essas pessoas costumam estar tão voltadas para si mesmas que lhes é quase impossível olhar ao redor. 

Caso alguém com essas características cruze o seu caminho talvez seja a hora de dar meia volta e ir embora, não fique e não insista, alguns lugares apenas não são para você. 

Se ir embora não puder ser uma opção busque ajuda para lidar com o problema, não pense que é o único ser da face da terra que tem a árdua missão de lidar com pessoas “não empáticas”, infelizmente, no mundo onde vivemos, pessoas assim são mais comuns de serem encontradas do que imaginamos. Pedir auxílio é a maior prova de empatia que você pode dar a si mesma, por isso, mostre como está pronta para desenvolver sua responsabilidade afetiva e venha conhecer nossas terapias.