Desenvolvendo a Inteligência Espiritual – Entenda e Aprenda

Estamos em crise. Econômica, política, social, profissional, ambiental, mundial. Temos até uma guerra. Mas a crise que dói profundamente em cada um é a crise natureza espiritual, segundo a Danah Zohar – física, filósofa e psicóloga norte-americana. Ela também criou o conceito de Inteligência Espiritual.

Muitos se dedicam a pensar e escrever sobre a necessidade da Espiritualidade no mundo atual.

A humanidade, como um todo, tem se conduzido pela falta de crenças, ausência de valores elevados, baixa moralidade; e não raras vezes motivada por raiva, ódio, medo, cobiça, egoísmo. Fala-se mesmo em deserto espiritual.

O resultado é visível nos descaminhos da sociedade que se torna cada vez mais fragmentada e autodestrutiva.
A boa notícia é que muitos movimentos estão acontecendo ao redor do mundo. Uma das visões mais profundas da ciência do século XXI é que: “o todo é maior que as partes”.

Mas o que é Espiritualidade ou Inteligência Espiritual?

Espiritual vem do latim spiritualis, que quer dizer, de acordo com Houaiss, “próprio à respiração, relativo ao espírito humano”, portanto, o que dá a vida a um sistema.

Ocorre que espiritualidade é confundida com organizações religiosas, com o sistema de crenças teológicas, com opções pessoais.

Trata-se de reconhecer em si a capacidade inerente ao espírito humano de identificar o certo e o errado; de desenvolver qualidades baseadas em valores como o amor, a compaixão, a capacidade de perdoar, a tolerância, a paciência, a harmonia, a responsabilidade perante o mundo – que trazem felicidade não apenas a si mesmo, mas também aos outros.

Absolutamente nada contra nenhuma religião ou aceitação de uma realidade metafísica! Apenas um outro enfoque que nos leva a reconhecer essa dimensão interior do ser humano que não vive só para suprir suas necessidades básicas, para sobreviver como os animais.

Encontrar um significado maior pelo qual viver é natural e nos leva sempre a questionar sobre nossas ações e a buscar uma maneira melhor de executá-las.

É este o papel do Autoconhecimento no desenvolvimento da Inteligência Espiritual.

Quando se habitua a questionar-se sobre seu cotidiano; sobre suas atitudes e ações, sobre os sentimentos e emoções que estão vivos por trás delas; sobre objetivos e sonhos; você reconhece e acessa essa dimensão interior que comumente se chama de Espiritualidade.

Quando as coisas vão mal no mundo…

Carl Gustav Jung, psicanalista, já dizia que “quando as coisas vão mal no mundo estão mostrando que há algo de errado com o indivíduo”. Portanto, dizia, é a mim mesmo que devo examinar em primeiro lugar. E o que é examinar senão buscar conhecer-se?

Em 1960, perto de seu 85º. aniversário, Jung disse numa entrevista que

“tudo o que está acontecendo hoje no mundo é o resultado do que está acontecendo na mente dos homens”

e falou da necessidade profunda de orientação espiritual que estava assolando a humanidade. Portanto, discutir espiritualidade está na moda. Mas não é novo.

Desenvolver a espiritualidade é apenas usar nossa Inteligência Espiritual para transformar o mundo em um lugar melhor, agindo com base em motivações mais elevadas – tomar atitudes a partir do que temos de melhor, a nossa dimensão interior, a nossa capacidade de reconhecermos nos outros a nossa própria humanidade, aceitando a diversidade, e nos movimentando para o bem comum.

6 caminhos para melhorar a Inteligência Espiritual

Não é preciso, segundo Danah Zohar, que seja um só caminho. É necessário “compreender que são muitos e que no curso de minha vida, devo percorrer vários ou, até certo ponto, todos eles” para a maior realização da inteligência espiritual.

Não há um melhor que outro, ou de maior valor, pois cada um é importante para o Todo. Ela nos fala de seis caminhos em seu livro “QS. O ‘Q’ que faz a diferença”, escrito em parceria com Ian Marshall, psicólogo e filósofo.

O caminho do Dever

O mito desse caminho é a aliança entre Deus e a humanidade e se refere a cumprir o dever – “integrar-se, cooperar e contribuir para a comunidade e ser por ela protegido”.

Crescer a partir dele significa fazer as coisas da maneira certa, condicionado por motivações profundas e autênticas, agindo a partir de seu próprio centro.

O perigo é alimentar o dogmatismo, preconceito, visão estreita e falta de imaginação.

Nesse caminho todos os atos cotidianos da vida são vividos como sagrados e cada um é uma celebração de como o dever serve à fonte da existência.

O caminho dos Cuidados e do Carinho

O mito desse caminho é a Grande Mãe que pratica carinho, proteção e cura e se refere a ser receptivo, escutar com o verdadeiro eu e assumir o risco de se abrir – “amar, cuidar, proteger e tornar fecundo”.

Crescer a partir dele diz respeito a potencial, ao que é possível tornar-se e ser transformador para o outro, para transcender a si mesmo.

O perigo é o lado sombra do amor, amargo, destruidor, dramático, que aprisiona e nega ao outro o espaço para que cresça e aprenda por si só.

É necessária uma perspectiva mais ampla, capaz de incluir as necessidades autênticas do outro e seu ser.

O caminho do Conhecimento

O mito desse caminho é a Caverna de Platão, que pratica o estudo e a experiência – “vai da compreensão dos problemas práticos, passa pela pesquisa filosófica mais profunda da verdade, chega à busca espiritual de conhecimento de Deus e seus caminhos e culmina na união final com Ele pelo conhecimento”.

Crescer a partir dele implica passar por uma mudança de paradigma, refletir e compreender e chegar à sabedoria. A reflexão é uma necessidade diária da inteligência espiritual.

O perigo, além de não querer compreender, é querer o conhecimento para alcançar o poder, a qualquer custo, ou limitá-lo a uma pequena área: saber muito sobre muito pouco.

Esse caminho pressupõe a compreensão da alma, através da literatura, arte, poesia, ciência, como uma grande experiência.

O caminho da Transformação Pessoal

O mito desse caminho é a Jornada ao Inferno, o Santo Graal, e a prática é o trabalho com sonhos, diálogo – “a essência do trabalho é a integração pessoal e transpessoal, onde o talento artístico, a experiência espiritual e o desequilíbrio mental estão altamente correlacionados”.

Crescer a partir dele é para excêntricos, diferentes da multidão, capazes de criar uma forma nunca expressada, sentimentos nunca sentidos, visões jamais vistas, cores, conceitos e pensamentos, para buscar a cura – a arte profética.

O perigo é perder a cabeça ou viver à sombra do caminho, além da destrutividade, do niilismo, pelo medo de enfrentar o conflito.

Esse caminho pressupõe a sensação desesperada da busca de algo, a necessidade de sacrifício para encontrar e uma fé incrível.

O caminho da Fraternidade

O mito desse caminho é a Alma do mundo, rede de Indra, e a prática é a inversão de papéis, a construção de diálogos, a justiça – “lutar pelas pessoas que ama, arriscando-se por uma causa na qual acreditam, esforçando-se para construir uma comunidade”.

Crescer a partir dele leva a transcender o medo da morte pois conduz ao reino da alma, que não perece – a alma individual é, e sempre será, parte de um mundo maior e eterno.

O perigo é interessar-se apenas em suas próprias atividades, na justiça individual sem sentir empatia pelos demais e suas necessidades.

Esse caminho pressupõe agir para que todos tenham o que é seu de direito, a fraternidade referente ao valor de todos os homens.

O caminho da Liderança Servidora

O mito desse caminho é o êxodo, a crucificação, a árvore Bodhi e a prática é o autoconhecimento, a meditação – “líderes nesse caminho fazem com que aconteçam coisas que outros julgavam impossíveis, criam novas maneiras para que seres humanos se relacionem, novas maneiras de servir à comunidade, novas maneiras para a sociedade SER”.

Crescer através dele é servir a alguma coisa além de si mesmo, alimentando as pessoas com foco, finalidade, senso de direção e inspiração.

O perigo é tornar-se tirano, corrompendo para servir a si mesmo, ao usar o poder da liderança em proveito próprio, para seus próprios fins e ganhos, mesmo que tenha que prejudicar e humilhar os outros.

Esse caminho pressupõe a liderança como serviço, capaz de transformar novas visões e possibilidades em realidades.

“Este universo é simplesmente um ginásio no qual a alma se exercita.”

Vivekananda, filósofo vedanta do século XIX.

Esta em busca de aprimorar sua Inteligência Espiritual? Nos deixe um comentário e nos conte sobre.