Os traumas da relação pai e filho – como enfrentar os desafios diários?

“Não importa aonde eu vá, sempre descubro que um poeta esteve lá antes de mim”.

Sigmund Freud

São inúmeros os conflitos que permeiam as relações humanas. Estamos em contato com o outro a todo momento. Não existem fórmulas mágicas. O que há são pessoas que querem fazer as relações funcionarem de maneira saudável.

No que diz respeito à relação pai e filho a dinâmica é a mesma. Temos na essência dessa ligação aspectos tão importantes que irão reverberar em nossas decisões e personalidade. Portanto, tudo o que queremos é que essa relação seja positiva para ambos os lados.

Porém, como já dito, nem tudo são flores no caminho das relações humanas. Feridas e conflitos aparecem sem que nos demos conta. De repente estamos diante de um obstáculo e temos duas opções: varrer a situação para debaixo do tapete ou buscar caminhos para resolvê-la.

Compreendendo os traumas e a complexidade da relação entre pai e filho.

“Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo… são crianças como você.”

Pais e Filhos, Legião Urbana.

A palavra “trauma”, de origem grega, significa ferida. Somos constituídos por inúmeras vozes. Por isso, não somos sempre bons nem sempre maus. Podemos ferir e ser feridos também.

Se colocarmos em um microscópio a relação pai e filho enxergaremos fios que ora se entrelaçam, ora se rompem. Em quais situações a relação pai e filho pode gerar feridas?

Órfão de pai vivo

A figura paterna é fundamental para nos sentirmos seguros diante do mundo. A ausência dessa persona faz com que surjam sentimentos como a carência afetiva e a insegurança.

Excesso de trabalho

Sempre ocupado visando o bem material dos filhos. Esse pai se dedica em tempo integral ao trabalho, acaba por esquecer que toda relação precisa ser cultivada afetivamente. O aspecto material é importante, mas não basta por si só.

Autoridade x autoritarismo

Importante destacar a diferença de sentido para esses dois termos. Um pai que tem autoridade é aquele que sabe dosar sua força paternal, ele é capaz de despertar o respeito do filho. Já o pai autoritário é aquele que impõe sua força sem flexibilidade gerando apenas medo.

Ausência de diálogo

A falta de diálogo na relação entre pai e filho é uma das principais queixas nos consultórios de psicologia. A conversa é essencial, sem diálogo não há relação.

Conflito de gerações

“Você não entende” ou “Quando tiver seus filhos você vai entender”. Que filho ou pai nunca disse ou ouviu essas frases? Pois é, o conflito de gerações pode ser um grande empecilho para a relação entre pai e filho.

Caminhando em seus sapatos

Relacionamentos perfeitos não existem, O que existem são pessoas que com um pouco de boa vontade e empatia lutam para melhorar as relações.

“Parla come mangi”

Fale o que sente de maneira clara. Para você pode parecer óbvio, mas muitas vezes seu pai ou seu filho não sabem o que provocou a mágoa. As coisas se esclarecem mais facilmente quando falamos sobre elas.

Tenha empatia

Tente-se colocar no lugar do outro e seja compreensivo. O perdão e a cura só germinam no terreno daquele que é empático.

Negocie

Às vezes é tudo uma questão de olhar para a situação. Estabelecer alguns cuidados e limites que favoreçam os dois lados.

Seja flexível

Felizmente o ser humano está em constante mudança. Nem sempre o que funcionou para uma geração funcionará para a outra. Então, olhe com mais carinho para o diferente. Entenda que mudar é essencial, é isso que nos mantêm vivos.

A vida é agora

Não espere o dia dos pais para demonstrar seu afeto. Só se pode tomar atitudes em relação ao hoje.

Faça a sua parte

Não podemos despertar a consciência do outro. Mas ,podemos refletir e alterar a nossa. Mudanças não são fáceis. Contudo, são possíveis.

Como superar os traumas da relação entre pai e filho?

A relação pai e filho norteará nossos relacionamentos futuros. Por isso, é preciso buscar a superação dos traumas ocasionados nessa interação.

Fingir que nada aconteceu não é o melhor remédio. Culpar o outro por quem nos tornamos também não é o ideal. O caminho da cura é outro.

É preciso que se tenha consciência da ferida que possui ou que tenha causado. Muitas vezes nossas mágoas estão tão bem escondidas em nosso inconsciente que apenas um profissional saberá encontrar.

Superar não significa necessariamente esquecer, mas ressignificar o que nos aconteceu. Isso é possível, são inúmeros os processos terapêuticos que se apresentam como opção para nos orientar.

“Não é o que fizeram de mim, é o que eu faço com o que fizeram de mim.”

Jean-Paul Sartre

Podemos e devemos procurar orientação, toda ajuda é fundamental.

Temos o péssimo hábito de nos acostumarmos. Nos acostumamos com nossos medos, nossas angústias ou nossas relações conflituosas. Mas, não deveríamos. Deixe o costume de lado. Em outras palavras, não espere o próximo dia dos pais para estreitar a relação pai e filho ou dar perdão.

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