Setembro Amarelo e a Prevenção ao Suicídio: Do luto à luta

Entramos no mês de setembro e uma das campanhas de prevenção que mais têm marcado as lutas sociais é a campanha do setembro amarelo. 

O setembro amarelo é uma campanha social que surgiu na década de 90 com a proposta de prevenção ao suicídio. 

Encontramos durante todo o mês de setembro, e especialmente no dia 10, propagandas, palestras, eventos, rodas de discussões além de uma infinidade de atividades voltadas ao combate ao suicídio, cada uma dessas propostas conta com  a participação de especialistas das mais variadas áreas. 

O dia 10 de setembro foi oficializado como dia internacional de prevenção ao suicídio em 2003 pela Organização Mundial de Saúde, e assim como toda data histórica, a escolha da OMS pelo dia 10 de setembro não foi aleatória. 

Em setembro de 1994, nos EUA, a morte prematura do jovem Mike Emme chocou seus familiares e amigos. Mike tinha apenas 17 anos quando decidiu interromper a própria vida. 

No dia do velório de Emme, embora estivessem extenuados com a dor da perda, seus familiares e amigos praticaram um gesto genuinamente nobre: distribuíram cartões amarrados à fitas amarelas com frases de apoio a todas as pessoas que poderiam estar passando pelas mesmas dores de Mike. 

A cor amarela foi escolhida em homenagem ao garoto, ele era dono de um Mustang 68 amarelo. 

O setembro amarelo é uma bandeira de valorização à vida que traz à superfície um assunto que ao longo dos anos foi negligenciado por ignorância ou preconceito. 

Como sabemos que conhecimento nunca é demais, ainda mais quando se trata de saúde, que tal conhecer mais sobre essa importante temática que envolve o mês de setembro? Não se subestime, você pode ajudar a salvar uma vida!

Qual a importância da campanha do setembro amarelo?

De acordo com a OMS, a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos é o suicídio, ainda segundo o órgão estima-se que a cada 40 segundos uma pessoa cometa o ato.

A campanha do setembro amarelo é fundamental para conscientização em relação ao tema, infelizmente, por acreditar que o assunto está distante de sua realidade muitas pessoas ignoram por completo algumas informações que de alguma forma seriam úteis para ajudar àqueles que apresentem algum sofrimento psíquico. 

Além disso, um dos principais objetivos da campanha é eliminar os tabus acerca do assunto, pois, são justamente esses tabus que impedem as pessoas de falarem sobre o tema e buscarem ajuda.

Por buscar o bem comum de toda uma comunidade, o setembro amarelo é mais que uma campanha, é um cuidado com a vida. 

O que fazer no setembro amarelo para conscientizar as pessoas?

Falar sobre o tema suicídio não é das tarefas mais fáceis, contudo, caso acredite que lhe falta tato para iniciar um bate papo sobre o assunto não se preocupe, você poderá ajudar de outra maneira: – estendendo a mão a quem precisa. 

Às vezes tudo o que uma pessoa deseja é ser ouvida, vivemos em um mundo acelerado onde as relações são rasas e a capacidade do diálogo tem diminuído drasticamente. 

Observar as pessoas com empatia, ouvi-las e aconselhá-las na busca por um profissional também é uma forma de conscientização.  

Jamais se esqueça que conversar com um amigo ou familiar pode ajudar, mas esse apoio não deverá substituir o auxílio de um profissional da saúde que possui conhecimento científico para o tratamento. 

É possível prevenir o suicídio? 

Segundo a OMS é possível prevenir o suicídio na maioria dos casos. 

Cerca de 90% dos casos poderiam ser evitados se a vítima tivesse recebido ajuda.”

Quem pensa em suicídio pode não se dar conta, mas com sua percepção alterada está pensando em uma solução definitiva para problemas e situações que não são definitivos.

Para a psicóloga Karen Scavacini “as pessoas que concretizam o ato estão passando quase que invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade” , por isso a importância de um tratamento. 

De acordo com especialistas, as pessoas que pensam em suicídio costumam dar sinais de suas intenções, podem não verbalizar, mas demonstram a partir de seu comportamento. 

A grande questão é que na maioria das vezes estamos ocupados ou desatentos demais para prestar atenção a esses sinais. Tenha cuidado e não julgue precipitadamente. Observe se a pessoa:

  • Já atentou contra a própria vida anteriormente;
  • Fala constantemente que gostaria de desaparecer;
  • Comprou uma quantidade excessiva de medicamentos;
  • Comprou armas.

Caso perceba algo estranho na fala ou no comportamento de alguém pergunte, mas esteja disposto(a) a ouvir. 

Se a situação sair do controle, ou seja, se a ameaça for concreta (ameaçar entrar na frente de um veículo, pular de uma janela, se cortar, etc.) leve a vítima para um pronto-socorro ou ligue para o serviço do SAMU (192). 

Não é frescura: a mente também precisa ser cuidada

Um dos maiores tabus quando o assunto é suicídio é a dificuldade das pessoas em encarar transtornos mentais com seriedade; depressão, crises de ansiedade e todas as doenças invisíveis a olho nu não podem ser enxergadas como frescuras. 

Essa é uma das funções da campanha do setembro amarelo, não só lançar luz e dar voz às pessoas que sofrem com pensamentos suicidas, mas espalhar à sociedade a seriedade do assunto. 

“O suicídio não acaba com a dor, apenas a passa para outra pessoa.”

“Todas as vidas importam”

“Isso também passará”

“Você não está sozinho (a)”

“Sua vida importa”

As frases acima fazem parte da campanha setembro amarelo, assim como os cartões enrolados em fitas amarelas foram distribuídos em sua despedida, psicólogos, psiquiatras e todos os profissionais da saúde distribuem ao mundo através dessas curtas mensagens apoio e conscientização. 

…espera que o sol já vem…

E se você está passando por momentos difíceis sem conseguir enxergar a saída, ou ainda se conhece alguém nessa situação busque ou aconselhe a buscar ajuda, o tratamento com um profissional será uma das escolhas mais acertadas, não deixe sua saúde mental para depois, cuide do que ninguém vê da mesma maneira como você cuida do que todos veem.