Solidão e solitude? Entenda a diferença

A solidão e solitude se diferenciam no jeito que lidamos com o estresse, cansaço e tristeza. Nos tempos modernos, todos somos sobrecarregados de tarefas. Devido a essa alta demanda de responsabilidades, podemos sentir a vontade de ficar um pouco sozinho e relaxar.

Da mesma forma que podemos querer encontrar alguém próximo para conversarmos um pouco e dar boas risadas, não é mesmo?!

As pessoas precisam se sentir bem, estando saudáveis de mente e corpo. Não adianta muito termos um “bocado” de dinheiro, mas vivermos sem paciência alguma e insatisfeitos internamente.

Solidão e solitude – A diferença entre sentir-se só e ficar sozinho

Tem mesmo diferença entre ficar sozinho e ter a sensação de estar só? Mas afinal de contas, é bom ou ruim ficar sozinho? Existe uma diferença gigantesca entre solidão e solitude. Veja:

Solidão

É quando somos rodeados de pessoas mas ainda assim, temos a sensação estar sozinhos. Um sentimento de não ter contato genuíno com ninguém, estamos ilhados em nosso mundo. Em nenhuma hipótese a solidão pode fazer bem ao ser humano.

Solitude

Pode ser algo muito saudável para os seres humanos em geral. Isso porque se trata do momento que decidimos ficar sozinhos. Seja com o propósito de pensar melhor acerca de nossa vida, bem como aquilo que somos, o que queremos ou só para descansar.

Um reflexo da sociedade

Muitas pessoas estão em solidão por conta da sociedade, que está sempre nos cobrando infinitas atividades. Nos induzem a pensar apenas em luxúrias. Como ter um lugar perfeito para se morar, com a melhor comida, o carro do ano, o emprego dos sonhos, alguém que amamos do lado para satisfazer sexualmente e conversar superficialmente sobre a vida.

Todos os seres humanos precisam de algo que é essencial para evoluirmos na vida. Sentindo satisfação, alegria e prazer. Inclusive, os filósofos costumam ter muito tempo para isso – chama de “ócio”.

O tempo vago e o momento de relaxar, chama-se ócio. Nesse instante, o objetivo estará sempre na auto satisfação ou harmonizar os ânimos. Algo benéfico para a saúde mental.

Contudo, é possível contar nos dedos de uma mão a quantidade de pessoas que fazem isso hoje em dia. Na verdade, esse sempre foi um dos grandes problemas para as pessoas durante toda a humanidade. Isso porque a falta de ócio, gera uma população ansiosa e depressiva.

Infelizmente, não é raro ouvir sobre um caso de alguém que tirou sua própria vida se matou por sentir que falhou. Seja por não entrar em uma faculdade ou em determinado emprego. Isso é o estado de máxima solidão, e solitude é apenas querer ficar um pouco só.

As dores do mundo moderno – ansiedade e depressão

Agora vem uma pergunta importante: o que uma população adulta com transtornos mentais irá passar para suas crianças? Por mais que sejam ótimos pais e com bons princípios, eles irão ter paciência e força de vontade o bastante para lidar bem todos os dias com seus filhos?

São inúmeros os questionamentos que podemos fazer, acerca de uma população com um alto índice de ansiedade e depressão. Porque as pessoas afetadas, não são apenas aqueles que sofrem com os transtornos mas todos que os cercam também!

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS),o índice global de casos relacionados à depressão e ansiedade, subiu cerca de 25%. Isso aconteceu com o início da COVID-19 em 2019 e até os dias de hoje .

Uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) em 2021, aponta que o Brasil é o país que está em primeiro lugar no mundo em relação a dores geradas no trabalho. Como ansiedade e depressão (solidão), e solitude não está mais se encaixando na vida das pessoas.

A falta de ócio gera um “efeito chicote” nas pessoas. Ou seja, torna-se cada vez mais difícil de parar.

Entretanto, ainda que a falta do ócio cause transtornos mentais o excesso dele também gera problemas. Algumas pessoas acabam ficando muito tempo sozinhas. Ou pior ainda, se sentindo sozinhas enquanto estão rodeadas de gente. Essa é a diferença entre solidão e solitude.

Parar e refletir, vem se tornando uma tarefa difícil nos dias atuais. Até mesmo conversas profundas e sinceras têm se tornado escassas.

Por acreditarmos que não temos tempo e nem a necessidade de se pensar acerca de nós mesmos. Vamos “jogando para baixo do tapete” as nossas emoções e vontades mais profundas.

Então, com os sentimentos bem escondidos nos refugiamos com pessoas que denominamos amigos. Esses que, quase sempre, são pessoas iguais a nós. Em outras palavras, estão buscando anestesiar tudo aquilo que perturba seu âmago. Isso pode ser tido como solidão, e solitude é quase que o oposto.

Saiba dosar a solidão e solitude

O fato de nos sentimos sós, leva-nos a algo chamado melancolia. Uma leve sensação de tristeza, que anda ao nosso lado todos os dias. Muitos podem dizer que isso é normal, enquanto outros irão dizer que isso é frescura. Porém, não se deixe levar por essa tristeza.

Existimos para crescer e expandir. Entender e aprender. Respeitar e amar. Assim como, servir e ensinar. Todo aquele que se recusa a esse processo ou é levado a pensar o contrário disso, está em uma ilusão extrema.

A solidão está localizada na mente das pessoas. Pois, é a consequência de não se pensar verdadeiramente acerca do “Self”. Mas, o que é solitude então? É quando a pessoa entende que precisa ficar um pouco sozinha. Reconhece isso como uma atividade saudável. Ou seja, o momento ideal para pensarmos sobre nossas atitudes, ambições e receios.

Tudo em nossas vidas tem o potencial de fazer o mal. Basta ser dosado de maneira inapropriada. Com a solitude não é diferente. Isso porque mesmo que a pessoa consiga parar e pensar sobre o que ela é verdadeiramente, ela pode se tornar alguém misantropo.

A misantropia é a sensação de repulso ou ódio pela humanidade, que é desenvolvida após um longo questionamento do por que se relacionar com as pessoas.

A solidão jamais fará bem, enquanto a solitude faz bem até certo ponto. Precisamos ter um tempo só para nós. Assim como precisamos de um tempo para socializar e aprender com os outros indivíduos na Terra.

Quando sentimos que ninguém nos entende, ou que não nos relacionamos de verdade com ninguém, chamamos isso de solidão. E solitude é o momento que buscamos estar sozinho, mas com o propósito de relaxar, produzir algo ou pensar sobre nós.

Psicanálise e o autoreconhecimento

Tanto Sigmund Freud quanto Karl Marx afirmam que, as pessoas não têm plena consciência de seus atos. Pois elas crescem em uma determinada classe social e cultura. Isso as leva a plantar dentro de si valores relacionados àquilo que viveram desde cedo.

Ao contrário do que muitos pensam, a psicanálise não tem o propósito de nos fazer autoconhecer. Segundo esse estudo, todos já se conhecem. A questão é que nos esquecemos do que somos ou nos reprimimos para ter aceitação social.

A meta verdadeira da psicanálise, é o auto-reconhecimento. Ele se baseia em lembrar o que somos de fato, sem nos importar com as críticas e aprovações alheias.

Este ramo do saber pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Ainda mais para aqueles que acham já se conhecer ou sabem a razão por trás de todas suas ações e desejos. Saibam de uma coisa, nunca iremos nos conhecer 100%.

Para a psicanálise, solidão e solitude são estados mentais que podemos alcançar. Tudo irá depender de como trabalhamos nossos pensamentos e atitudes. Aquele que busca de (re)conhecer, está aberto para rever suas atitudes e vivências.