Transtorno de compulsão alimentar e autoconhecimento – Entenda essa relação

O transtorno de compulsão alimentar é caracterizado por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de qualquer tipo de alimento. Assim, podendo causar tanto desconforto físico quanto psicológico.

Segundo a Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (ASTRAL), o transtorno de compulsão alimentar está entre os diagnósticos mais comuns. Seguido da bulimia nervosa e anorexia nervosa.

O grupo de risco consiste em pessoas do sexo feminino na fase adolescente e de homens e mulheres que trabalham com a imagem e desempenho corporal. Por exemplo, modelos, dançarinos e atletas. Entenda mais sobre as pessoas afetadas por esses problema:

Quem sofre de transtorno de compulsão alimentar?

A pressão estética na adolescência e nas profissões citadas pode causar hábitos alimentares restritivos Como consequência, pode acabar no desenvolvimento de algum transtorno alimentar.

O índice de diagnóstico em mulheres é maior. Ainda mais considerando a pressão estética e cultura da dieta sempre presente nos meios de comunicação. Ate porque as mesmas sempre estiveram mais voltados para o sexo feminino.

Em muitos casos, o hábito de fazer dietas restritivas e percepção distorcida do corpo são passados de mãe para filha. Isso cria um padrão de transtornos de imagem ou alimentares na família. Logo, isso também se reflete na sociedade.

Considerando o aumento da pressão estética na era digital, o número de casos de transtornos alimentares em homens também vem crescendo. Isso se tornou um dos problemas mais recorrentes na geração atual.

É importante ressaltar que um dos protocolos principais de tratamento do transtorno de compulsão alimentar é a retirada de restrições alimentares. Em muitos casos, dietas que restringem totalmente um ou mais grupos de alimentos são o primeiro gatilho para o desenvolvimento desse transtorno.

Levando isso em consideração, o tratamento pouco envolve planos alimentares. Isso porque esse tipo de abordagem pode acabar resultando em mais episódios de compulsão.

Como é feito o diagnóstico?

Exagerar na quantidade de comida é algo que todo mundo faz de vez em quando. Então, é importante ressaltar que para o diagnóstico do transtorno compulsivo é necessário analisar diversos outros sintomas e padrões de comportamento.Aqui estão os principais:

  • Comer escondido;
  • Comer compulsivamente qualquer tipo de alimento que esteja disponível no momento e não só alimentos considerados saborosos;
  • Só parar de comer após sentir forte desconforto físico;
  • Saúde mental afetada pelos episódios;
  • Sensação de vergonha e tristeza.

O acompanhamento profissional é de extrema importância para que o paciente tenha uma rede de apoio emocional. Levando em consideração que, a fonte do transtorno é sempre de cunho psicológico.

Como funciona o tratamento?

No período de tratamento desse transtorno, uma das principais condutas é o uso de um diário alimentar. Para que o paciente se auto-observe e anote sentimentos e pensamentos que acompanham a alimentação. Isso é essencial para identificar gatilhos que culminam na compulsão, trazendo insights essenciais para o tratamento terapêutico.

O diário consiste em anotar todos os alimentos ingeridos pelo paciente durante os dias da semana junto com as sensações e emoções que acompanham a alimentação. Essa ferramenta pode ser usada em conjunto com a escrita intuitiva.

Em muitos casos, traz à tona questões do passado que estão diretamente ligadas ao padrão alimentar do paciente.

Durante a consulta, as anotações são analisadas e discutidas em conjunto com o paciente. Isso acontece para que se desenvolva uma consciência maior sobre os padrões de comportamento alimentar relacionados a eventos ou estados emocionais. A partir dessa análise, é traçado um plano adequado para cada caso.

É de extrema importância que o paciente esteja aberto para mudar suas concepções sobre o corpo perfeito e sobre dietas em geral.

O trabalho de reeducação alimentar nesses casos, envolve fazer as pazes com todos os grupos de alimentos. Assim como entender que não é necessário ter medo de nenhum deles. O ponto principal nessa reeducação é o equilíbrio e a liberdade de comer o que quiser. Em outras palavras, de forma natural, sem pensar em ganho ou perda de peso a cada segundo da refeição.

Isso geralmente requer um acompanhamento de médio a longo prazo com profissionais da área. Para que a mudança seja de fato definitiva.

No processo de identificação de traumas, bloqueios, medos e faltas na vida do paciente, acontecem curas emocionais muito significativas não só para o tratamento do transtorno, como também para a vida em geral.

O que o transtorno de compulsão alimentar tem a ver com autoconhecimento?

Existem diversas condições emocionais que levam uma pessoa a ter transtorno de compulsão alimentar. Mas, neste momento vou focar em um fator que está presente em praticamente todos os casos de compulsão: a falta de autoconhecimento.

A ausência de práticas de autoconhecimento pode causar e perpetuar diversas emoções negativas. Que por sua vez, são precursoras de atitudes destrutivas como o transtorno de compulsão alimentar.
A ansiedade, por exemplo, é um dos estados emocionais que mais está presente em pacientes com esse transtorno.

Durante o processo de autoconhecimento, é possível investigar qual área da vida está mais desalinhada. Identificando então, causas possíveis da ansiedade em excesso.

Tudo está conectado. Então, a partir do momento que curamos uma ferida emocional também estamos melhorando o fluxo de todas as áreas da vida. Sendo a alimentação, apenas uma delas.

Depois que você se conhece

O autoconhecimento nos permite ser quem realmente somos em toda nossa plenitude.

Começamos a criar rotinas prazerosas. Servimos as pessoas com nossos dons e talentos.

Consequentemente, aumentando nosso amor próprio e diminuindo estresse, ansiedade e sensação constante de falta e vazio.

Posso dizer, então, que a conexão entre o autoconhecimento e o transtorno de compulsão alimentar é simples:

Se estamos desalinhados com quem realmente somos, seguindo uma rotina que não nos traz felicidade. Consequentemente, temos maior propensão a procurar conforto na comida.
Sem o autoconhecimento, agimos no automático e ficamos à mercê de comportamentos destrutivos, que nos trazem prazer imediato e dor a longo prazo.

O tratamento holístico do transtorno de compulsão alimentar leva em conta que a cura emocional e física só é possível quando nos conhecemos e exercemos nosso papel único no mundo. Isso só pode ser alcançado através de condutas acopladas a práticas de autoconhecimento.

Por isso, é essencial focar no desenvolvimento pessoal durante o tratamento desse e de outros problemas. Para que o transtorno de compulsão alimentar não seja substituído por outro tipo de compulsão ou hábito destrutivo.