Relacionamento e sexualidade não pode ser tabu

Existe algo que precisamos entender antes de começarmos a destrinchar o assunto. O ato homoafetivo sempre existiu, temos exemplos de grandes guerreiros que eram bissexuais. O relacionamento e sexualidade deles nunca entraram em pauta enquanto guerreiros. 

O ilustre guerreiro Aquiles tinha relações sexuais com seu primo, da mesma forma que Alexandre o Grande também. Ambos já se deitaram com inúmeras mulheres, mas nos dois casos, quando seus amantes morreram, ficaram em um luto severo.

Leonardo da Vinci já foi até a corte para ser julgado, respondendo contra a alegação de que ele havia saído com um prostituto. Relacionamento e sexualidade sempre estiveram no meio da vida humana, independe de gênero e orientação sexual.

Contudo, os padrões da sociedade vem mudando. No século XVII, era comum que os homens aristocratas usassem perucas e maquiagem, eles não eram vistos como homossexuais ou pessoas transgêneras, por exemplo.

Os padrões do que seria considerado um homem e uma mulher, mudam ao longo do tempo e localidade. Por exemplo, na antiga Índia, as mulheres andavam com os seios praticamente à mostra, tendo apenas um fino tecido que lhe cobriam o peito. Ninguém daquela cultura considerava as mulheres “inadequadas” ou prostitutas por conta disto.

Sermos nós mesmos pode se mostrar um processo árduo às vezes. A sociedade planta o autopreconceito na população, onde todos devemos seguir o padrão de beleza e sexual. Hoje, iremos desconstruir esse padrão e explicar mais sobre o ser humano, veja:

Entre relacionamento e sexualidade, onde eu estou?

Na maioria dos casos, não há muitas dúvidas acerca disto. Pois geralmente as pessoas se identificam com seu sexo biologico, e por sua vez, sentem atração pelo sexo oposto, não é mesmo?

Hoje em dia, mais do que nunca, vemos que não é sempre assim. Como já dissemos, a relação homoafetiva está na humanidade desde os primórdios, não existindo uma data em que isso começou a existir.

Nossos avós podem até nos dizer: “ah, na minha época não existia essas coisas, é falta de surra”. Contudo, este é um grande equívoco. Pessoas transgêneras, travestis, homossexuais e drag queens, sempre estiveram presentes na história.

O ponto por trás de que quase nunca se viam gays e transgeneros no passado, é que eles(a) se escondiam. Buscavam viver camuflados para que ninguém os atacasse, evitando assim que fossem repreendidos, humilhados, apedrejados ou até mesmo internados.

A sociedade sempre foi machista, o patriarcado costumava ser aquele que definia os padrões de beleza. Justamente por serem os homens da elite que designavam o “adequado”, ninguém crucificou os homens que usavam maquiagem e peruca em meados de 1700.

Relacionamento e sexualidade são coisas normais. Estamos sempre nos relacionando e sendo movidos pela energia sexual, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, comenta bastante sobre isso.

A psicanálise afirma que cada um já se conhece, a grande questão por trás disso, é que evitamos aquilo que somos. Nos escondemos de nós mesmos, para não sermos arduamente julgados pela sociedade.

O ser humano sempre foi craque em menosprezar o diferente e o novo. Por conta disso, as pessoas com identidade de gênero e orientação sexual diferentes do padrão, sentiam medo de serem excluídas de seus trabalhos, família e ciclos sociais, caso descobrissem a verdade acerca de quem são.

Concluindo, na época dos nossos bisavós, tataravós e assim por diante, sempre existiram pessoas gays/lésbicas e transgêneros. A questão é que eles(a) não eram vistos como realmente são, porque buscavam se ocultar.

Pressão social e a psique

Somos o que somos. Mas indo além disso, apenas somos no agora. Coisas que fizemos no passado podem já não mais se assemelhar com o que somos hoje. As pesquisas feitas na psicologia, confirmam que a identidade de gênero e a orientação sexual são fluidas, podendo mudar ou não ao longo da vida.

Ou seja, seu relacionamento e sexualidade de hoje podem não ser o mesmo amanhã. Alguém pode se identificar como um homem heterosexual hoje, mas daqui uns anos, essa pessoa pode mudar sua identidade de gênero ou orientação sexual.

Existem muitos casos, em que a pessoa teve filho(s) e foi casada por muitos anos, mas quando todos seus filhos estão criados e já saíram de casa, esse pai ou essa mãe, mudam a direção de sua orientação sexual, se assumindo homosexual ou bissexual.

Por que isso acontece? Muito simples. Como já dissemos acima, nossa sociedade tende a criticar tudo que está fora do padrão, então essa mãe ou pai, muito provavelmente sentiram medo de serem criticados e excluídos por seus familiares.

Então, quando os filhos crescem e saem de casa, a pessoa sente-se mais confortável para ser ela mesma. Não adianta reprimir o que sentimos em relação a isso, se você sente atração por homem, nada no universo vai mudar isso, tentar ocultar isso só irá gerar mais dor dentro de ti.

Qualquer tipo de relacionamento e sexualidade, sempre estiveram por aí. O que você é e sente, não é nada anormal, busque se aceitar sem reprimir-se. O ser humano não nasce com um manual de instruções informando como se viver, o que gostar, onde ir, com quem se relacionar, qual trabalho ter e afins.

Então… eu não preciso me esconder?

Exatamente! Estamos constantemente aprendendo e nos modificando. Não seria diferente sobre relacionamento e sexualidade. Cada pessoa e situação são únicos. Talvez você tenha uma alta ou baixa produção de testosterona, o que pode influenciar nossa sexualidade também.

Em outros casos, pode ser que o tema “homossexualismo” tenha sido severamente proibido para você, o que também pode nos levar à curiosidade também. Cada vivência é única, o seu relacionamento e sexualidade, é você quem definirá. 

Quanto mais proibimos algo, mais brecha damos para curiosidade. Não adianta oprimir seu filho para nunca beijar um homem ou mulher, isso só irá fazer mal para sua criança. Ao invés de reprimir, eduque, ensine e ouça o que ele(a) tem para lhe dizer.

O que importa nas pessoas, são elas mesmas. Não se o indivíduo é hetero, gay ou se identifica mais com um gênero ou outro. Essas escolhas são totalmente inúteis quando vamos avaliar o caráter de alguém.

O que dá valor ao ser humano, são suas qualidades, se ele(a) é honesto ou não, se prefere ficar em casa ou sair para trabalhar, são coisas assim que mostram o caráter de alguém, jamais sua orientação sexual.

Na maioria dos casos, as pessoas reconhecem sua orientação sexual entre os 8-11 anos. Caso você não saiba conversar com seu filho sobre isso, poderá ser causado um trauma nele. Já basta a sociedade criticar as pessoas fora do padrão, agora você também vai fazer isso com sua criança? Não né, a meta é sermos bons pais.

Identidade de gênero

Agora que já comentamos sobre relacionamento e sexualidade, chegamos a uma pergunta importante: o que é identidade de gênero e orientação sexual?

A maioria das pessoas sentem que pertencem ao corpo que nasceram, nesse caso, a pessoa é cisgênera, ela se identifica com o sexo que nasceu. Entretanto, existem outras duas possibilidades para a identidade de gênero, veja:

Transgênero: São pessoas que se identificam com o sexo oposto àquele que nasceram.

Não-binario: É quando a pessoa não se encontra em um dos sexos. Ela pode sentir que pertence a ambos os gêneros (masculino e feminino) ou nenhum.

Outra questão que confunde as pessoas é: existe diferença entre transexual, travesti e drag queen? A resposta é sim!

De maneira resumida, a diferença entre transexual e travesti, está na intensidade de como eles(a) sentem-se em relação ao sexo que nasceram. Diferente da travesti, o transexual se incomoda extremamente com o sexo que nasceu, podendo até fazer cirurgias para alterar o órgão genital.

Enquanto a drag queen, é um homem que se veste de mulher, geralmente dentro de um contexto artístico/musical. Inclusive, o próprio exército alemão fazia isso entre os soldados durante a II Guerra Mundial, tendo o propósito de “relaxar as tropas”.

Orientação Sexual

Sempre que falamos sobre interação de pessoas, falamos de relacionamento. E sexualidade é como a pessoa se identifica. A orientação sexual é aquilo que atrai a pessoa, as definições seguem abaixo:

  • Heterossexual: é quando alguém sente atração pelo sexo oposto.
  • Homossexual: neste caso, a pessoa sente atração pelo mesmo sexo que ela se identifica. Uma pessoa pode ser um homem-trans (nasceu no corpo de mulher, mas se identifica como homem) e mesmo assim ser gay, ou seja, essa pessoa sente atração por homens, o mesmo sexo que ela se identifica.
  • Bissexual: é quando alguém sente atração tanto pelo genero masculino como pelo feminino.
  • Panssexual: a pessoa sente atração pelo ser humano em si. Seja este homem, mulher, transsexual ou travesti. A única coisa que importa na hora da atração, é aquilo que a pessoa é.
  • Assexual: pessoas que não sentem atração sexual por ninguém.

Em todos os casos, um profissional na área da saúde mental pode nos ajudar. Desconstruindo todo o preconceito que podemos ter acerca de nós mesmos. Quando conversamos com alguém treinado para direcionar a nossa mente para o bem, os resultados são certeiros.

Estando disposto a quebrar qualquer “dogma”, “tabu” ou preconceito, o ser humano pode ir longe. Muitas vezes, quem nos trava é a gente mesmo, pois acreditamos tanto naquilo que a sociedade disse, e passamos muito tempo tentando encaixar uma peça que não é nossa.

Não sinta vergonha de quem você é ou aquilo que sente. Mesmo que o mundo esteja contra você, aceite-se, você não é nenhum monstro social. Todos merecem amar e serem amados, sem regras para isso.

Converse com alguém bem próximo seu, ou talvez um psicoterapeuta caso queira falar com um desconhecido sobre relacionamento e sexualidade. De qualquer maneira, converse! Expressa-te e seja você mesmo, não há maior beleza que a sinceridade do ser.