Slut shaming: a violência presente no cotidiano feminino 

“Envergonhar a vadia”: esse é o significado por trás da expressão slut shaming cuja carga é composta por vozes que massacram das mais variadas formas milhares de mulheres ao redor do mundo. 

Você pode até desconhecer o termo slut shaming, mas é pouco provável que nunca tenha sentido na própria pele a experiência trazida por ele.

Constranger o feminino, essa é a essência da expressão inglesa mencionada.

Segundo especialistas, o slut shaming é uma espécie de bullying contra mulheres que decidem viver de maneira plena e sem restrições sua própria sexualidade.

Oferecida, puta, não serve pra casar, vulgar, e sabe lá Deus quantos outros adjetivos machistas proferidos por homens e mulheres em um tentativa retrógrada de silenciar a sexualidade feminina.

Sabemos como é difícil encontrar por aí uma única mulher que não tenha sido julgada por seu comportamento ou  pela roupa vestida.  

E claro, com o advento das redes sociais a questão se intensificou ainda mais pela facilidade de expor aquele que se quer massacrar. 

Vídeos íntimos vazados, fotos encaminhadas a parceiros (as) que viram motivo de condenações e chacotas, “flagras sexuais”, enfim, as ameaças de exposição parecem ilimitadas. 

A violência contra a mulher toma assim, proporções inimagináveis, chegando ao ponto de se culpabilizar a vítima. 

“[...]morreu violentada porque quis

saía, falava, dançava

Podia estar quieta e ser feliz.”

O trecho acima faz parte da canção composta por Angela Ro Ro em 1985 em homenagem à adolescente Mônica Granuzzo, a jovem de 14 anos foi espancada até a morte após se recusar a ter relações sexuais com seu algoz. 

A repercussão do crime foi tão funesta quanto o ato em si, Mônica foi condenada por ter aceitado o convite do rapaz para entrar em seu apartamento. 

1985 e 2023, até quando seremos julgadas apenas por sermos MULHERES? 

Slut shaming: como identificar os sinais? 

Agora que você já sabe o que significa slut shaming precisa estar atenta em relação aos sinais.

A violência pode apresentar diversas facetas, por isso, aprenda a se observar e a observar as situações ao seu redor. 

Seja empática e procure se libertar de pré-julgamentos, pois ao se perceber você pode notar que faz parte do time que condena atos da liberdade sexual feminina, se isso acontecer não se culpe, apenas procure trabalhar em prol de uma mudança genuína. 

  • Você condena ou já foi condenada por sua roupa? Comentários do tipo “que vulgar” ou “está vestindo isso para chamar atenção” são formas clássicas de tentativa de repressão.
  • A mulher subiu de cargo e logo aparecem burburinhos questionando sua competência, afinal é de senso comum o fato dela só estar ali por ter se prestado a serviços sexuais. 
  • A casada que conversa com outros homens: essa é clássica, boa parte da sociedade tende a recriminar a mulher casada que costuma participar de conversas em rodinhas masculinas, se o marido não está presente então, os olhares são ainda mais fuziladores. 
  • A que envia fotos, faz vídeos ou gosta de joguinhos sexuais: essa mulher é demonizada,  classificada como promíscua e desavergonhada.
  • Mulheres que são culpabilizadas por violência sexual: ela estava sozinha, se insinuou para ele, a roupa era curta demais, ela estava na rua tarde da noite, aqui estão alguns exemplos do que a mulher é obrigada a ouvir mesmo depois de sofrer qualquer ato de violência. 

Diante disso, muitas mulheres vão cada vez mais se diminuindo em uma busca desesperada por respeito, contudo, este nunca vem. 

Até porque o problema não está na vítima, mas no agressor. Por isso, como sociedade, precisamos lutar não para conter mulheres, mas para empoderá-las. 

O empoderamento feminino é ingrediente fundamental para a libertação sexual da mulher. 

Agora é que são elas 

Libertação é a palavra de ordem! Mulher, liberte-se de seus medos e do que te fizeram acreditar que era sujo e errado.

A vida com plenitude tem muito mais sabor, e para viver tão integralmente é preciso em primeiro lugar saber quem você é. 

Quando falamos sobre empoderamento falamos também sobre o ato de conhecer a si mesma, só é possível se empoderar quando se descobre a força que tem. 

Contudo, como iniciar o processo de autoconhecimento?

As terapias holísticas podem indicar alguns caminhos, isto porque seu foco é o ser humano de maneira integral, e é justamente nisso que reside a riqueza desse tratamento. 

Além disso, é possível agregar as terapias holísticas a algum tratamento que você já venha realizando. 

Nós, mulheres, matamos um leão por dia, e por enfrentar tantos desafios, e tantas formas de violência (inclusive slut shaming), não é incomum lutarmos também contra quadros de depressão ou qualquer outra doença mental. 

Portanto, se você sofre de ansiedade,síndrome do pânico, depressão, como já citado, ou qualquer transtorno de cunho psicológico saiba que a esfera holística pode ser um significativo complemento, afinal ela te “observa” por inteiro. 

Por fim, após descobrir o que significa slut shaming, constatar seus sinais no dia a dia e saber que o autoconhecimento é uma forma de se fortalecer compreenda também que agora é hora de se posicionar contra essa forma de violência. 

Logo, adquira uma postura ativa. 

Enfrentando o dragão: como combater o slut shaming?

Depressão, transtorno de ansiedade, crises em seus mais variados formatos, essas marcas deixadas pelo slut shaming não podem significar sentenças. 

Ao contrário, devemos ultrapassá-las, como muitas de nós fizeram antes mesmo de nossa sutil existência despontar no mundo. 

Como já mencionado em nossa conversa, o autoconhecimento nos ajudará em nossas batalhas pelo direito à liberdade e com ele estão também as terapias holísticas de mãos estendidas para auxiliar nossos avanços. 

Combater o slut shaming também aponta para a desconstrução, não tenha receio de desconstruir antigas crenças e comece a refletir de maneira crítica sobre a forma como julga outras mulheres. 

Não aceite piadas machistas, muito menos comportamentos que diminuam ou menosprezem a mulher, esteja ela inclusa em seu meio social ou não. 

Se necessário, denuncie, o Brasil conta com diversas delegacias especializadas no atendimento à mulher. 

Encare o feminino como uma unidade, portanto, o que é feito a uma afeta a todas. 

Por fim, que nossa luta contra o slut shaming seja também por tantas Mônicas, Marias, Daniellas, Anas, Lianas, Franciscas e Terezas que foram silenciadas e condenadas apenas por serem MULHERES.