Como perdoar alguém que te magoou e não se arrepende?

Neste artigo você encontrará:

  • Como perdoar alguém que te feriu;
  • Por que não sou capaz de praticar o perdão;
  • É possível perdoar alguém que já faleceu? 

Se você chegou até este texto buscando fórmulas mágicas para aprender como perdoar alguém, sinto te desapontar, mas fazer uma espécie de check list dos elementos fundamentais para o perdão não é nem de longe o objetivo deste artigo. 

O que trago aqui são breves relatos de minha própria experiência que julguei interessante compartilhar. 

Assim como você e outros mortais, passo por situações ao longo do meu dia a dia que me ferem. e eu nem sempre sei como reagir a elas. 

Às vezes minha reação é tão espontânea que me parece exagero, em outros momentos tenho a impressão de que silenciei quando deveria ter dito. . 

No meio dessa confusão de sentimentos e de dever de agir está o perdoar ou não perdoar. Afinal, como perdoar alguém que:

  • te magoou e não se arrepende;
  • já faleceu;
  • te traiu;
  • te faz mal de várias formas

Pois é, por trás de alguém que deseja profundamente saber a melhor maneira de “como perdoar alguém” está uma série de circunstâncias, e “coladinho” com elas vem aquele sentimento de que nosso perdão depende também do outro.

Mas, será isso verdade? Para responder a esta questão, gosto de antes de mais nada definir a ação de perdoar. 

O ato do “perdão verdadeiro” é escolha. No interior dessa escolha ou decisão mora alguém que se conhece muito bem e que sabe como é nocivo manter mágoas dentro de si.   

Em outras palavras, a semente do perdão surge na consciência! Diante dessa afirmação, avancemos mais um pouquinho… 

Perdoar ou não perdoar: eis a questão –  Afinal, basta apenas saber como perdoar alguém?

O perdão até pode ser uma ação consciente, mas isso não significa que reconhecer qual a melhor maneira de como perdoar alguém que te magoou, te fez mal e não se arrependeu seja apenas uma questão de inteligência. 

Ao contrário, o buraco é mais embaixo. 

Como dissemos, perdoar alguém que te feriu é uma questão de escolha, contudo, essa questão também envolve nossa subjetividade. Acho que ninguém por aqui consegue deixar o coração em casa ao sair pelas ruas. 

Acontece que sempre levamos junto nossas emoções. A diferença está na maneira pela qual elas tomam conta de nós.  

Para compreendermos melhor, trago um exemplo simples:

Tive um pai abusivo e esse aspecto da minha vida foi responsável por muitos dos meus traumas. O abuso paterno gerou em mim mágoas que QUASE destruíram minha mente e meu corpo. 

Quando procurei um terapeuta descobri que nada do que eu fizesse poderia mudar o comportamento de meu pai, ele continuaria o mesmo, pois essa era a escolha dele. 

Contudo, cabia a mim duas escolhas:

  • continuar remoendo minhas dores passadas OU
  • esforçar-me ao máximo para me livrar de todo lixo deixado por outra pessoa.

Algum leitor desavisado provavelmente responderá: “é óbvio que você escolheu a primeira opção”.

Sem querer desapontá-lo, já lanço um sonoro NÃO, eu continuei por um bom tempo remoendo minhas feridas.

Eu simplesmente não podia perdoá-lo, pelo menos não verdadeiramente. Para mim era muito difícil perdoar alguém que me faz mal e não se arrependeu. 

Mas, felizmente minha história não acaba aqui, continue acompanhando as próximas linhas…

O que importa é o que você faz com a aquilo que fizeram com você 

Descobri ao longo de minhas sessões de terapia, que, por mais que houvesse sentimentos envolvidos, o perdão também mobilizaria aspectos cognitivos, ou seja, era uma questão de escolha racional. 

Eu precisaria deixar minha raiva de lado e fazer uma espécie de faxina emocional, em outras palavras, eu jogaria fora fatos de minha vida que não me serviam mais. 

Mas, é claro que foi necessário um árduo processo de autoconhecimento, precisei me dar conta de quem eu era para compreender o outro, no meu caso: meu próprio pai. 

Foi necessário revisitar fantasmas para olhar as situações por um outra perspectiva, descobri que as histórias sempre têm mais de um lado. 

Só então fui capaz de ser empática com minhas próprias dores e com meu algoz

Repito como essa trajetória foi árdua, algo em mim precisou ruir para que pudesse surgir, em meio aos escombros, o perdão. Hoje, desfruto dos benefícios:

Porém, e quando não se consegue liberar perdão? E mais, como perdoar alguém que te traiu ou pior, que já morreu? 

Perguntas difíceis, porém necessárias…conversemos mais um pouco! 

Por que eu não consigo perdoar quem me fez mal? 

São muitas as respostas para essa pergunta, e claro que elas irão variar de acordo com cada pessoa, porém, para tentar encontrar uma resposta, sugiro que faça um breve questionamento:

“Eu realmente estou disposta a perdoar o mal que me fizeram?”

O que ocorre, é que muitas vezes, lá no fundo de nosso íntimo, nós não queremos perdoar o outro. E esse “não querer” apresenta “n” razões para existir. 

Um exemplo bem simples de uma dessas razões aparece quando enfrentamos a dor da traição. Quando somos traídos, podemos até gritar aos quatro ventos como desejamos perdoar o “traidor”, porém somos incapazes de abrir mão dessa mágoa, pois deixar ela ir embora significa ter de fazer o luto de algo pelo qual você não está disposta a desistir. 

Percebe como até mesmo nossas dores estão enraizadas em nossa personalidade? Diante disso, só nos resta concluir que aqueles que não conseguem perdoar não estão sozinhos, o ser humano pode sim sentir “apego” na própria dor. 

E agora, como sair desse limbo? Conhece-te a ti mesmo antes de mais nada, para isso, marque um atendimento com um de nossos terapeutas, chega de amargar suas dores, concorda? 

Esse é seu momento de libertação, aproveite-o! 

Como é possível perdoar quem já morreu?  

A mesma dificuldade que temos para perdoar os vivos, temos para perdoar os mortos, a única diferença é que aqueles que já partiram não serão beneficiados com o nosso perdão (embora isso seja questionável dependendo da crença religiosa).

Há um outro aspecto que gostaria de ressaltar: a culpa. Quando uma pessoa parte sem que tenhamos tempo ou oportunidade de pedir perdão carregamos juntos com nossas dores uma culpa sem tamanho. 

Se esse é seu caso, você precisará passar pelo processo do autoperdão, afinal ninguém perdoa o outro antes de perdoar a si mesmo.  

Para você que me leu até aqui, gostaria de dizer que merece meus sinceros aplausos, afinal, quem no mundo egoísta no qual vivemos estaria preocupada em como perdoar alguém? Portanto, já pode se considerar uma pessoa nobre a qual mais cedo ou mais tarde será agraciada com o dom do perdão!